"NÃO VOS INQUIETEIS, POIS, PELO DIA AMANHÃ, PORQUE O DIA DE AMANHÃ CUIDARÁ DE SI MESMO. (...)" - MATEUS 6:34



quinta-feira, 14 de agosto de 2008

DE OLHOS BEM ABERTOS

Nada de novo sob o sol...

*Beto Moura

Usando-se da expressão “nada de novo sob o sol”, Salomão, trouxe à baila situações contundentes de sua época. O tempo passou e parece que muito pouco ou quase nada foi acrescentado ao ser humano, para construção de um mundo melhor. É certo; às vezes, nos surpreendemos com atitudes generosas que deveriam ser renitentes como: solidariedade, respeito e honestidade. Mas como dizia o poetinha Vinícius de Moraes - o buraco é mais em baixo - Já ouviram falar no buraco da camada de ozônio? É no hemisfério sul. Portanto, é mais embaixo.Dizem inclusive, que não existe pecado abaixo da linha do Equador. Será?
Pra nossa sorte não temos:Terremotos, furacões, maremotos e outras cositas mas...Ainda assim, em se tratando de Terras Tupiniquins, seguro morreu de velho...
Sabe-se que o quarto maior país do mundo, depois de Rússia, Canadá, China, não consegue matar o superpoderoso mosquitinho, o mais feroz do mundo, que migrou d’africa distante, em navios negreiros para o solo americano. Tá pensando o quê?!Ele não é bobo nem nada... veio fazer história nesta vereda tropical.
Desde os primórdios da humanidade, o homem já travava uma batalha insana contra esse inimigo, que transmitia doenças e mortes...
A febre amarela é provocada por um vírus transmitido pelos mosquitos haemagogus, em áreas rurais, e aedes aegypti, em áreas urbanas. Segundo Spielman, da Universidade de Harvand, em seu capítulo no livro: Mosquito: A Natural History of Our Most Persistent And Deadly Foe (mosquito: uma história natural do nosso inimigo mais mortal e persistente).
Relata a história da luta humana contra insetos, além de revelar as estratégias que eles usaram para sobreviver à custa do nosso sangue. "Eles não têm nenhum outro propósito, além de perpetuar a espécie. Não ajuda a aerar o solo como as formigas, não ajuda a polinizar as plantas como as abelhas, nem serve de alimento essencial para outros animais.”
A vinda do aedes aegypti para o Brasil , tem ação preponderante do próprio homem; através do tráfico de escravos e suas más condições. Seu nome deve-se à descrição feita no Egito, daí, Aegypti. Logo depois espalhou-se por grande parte da África e deu o ar da graça em nossa pátria amada, salve, salve...
Lembram-se de José Serra, quando ministro? Mui amigo dos insetos, dispensou os mata-mosquitos que combatiam os focos e seus criadouros. Enfim, ficamos à deriva da epidemia em 2002. De lá pra cá, tudo como d’antes no quartel de Abrantes. Creio mesmo, pensavam que o prazo de validade estava vencido. Merecíamos mais atenção. Ledo engano! A cidade Maravilhosa cai como as “muralhas de Jericó!”, entregue a sua própria sorte - epidemia de 2008 -
Se fosse em algum lugar do passado o seu repórter Esso, informaria em edição extraordinária...
...Depois do maior espetáculo da Terra. – carnaval carioca- O pior espetáculo de nossas vidas – epidemia 2008 - Foram mais de 110.000 casos diagnosticados, inclusive com mortes, fazendo vítimas no Rio e cidades adjacentes. Desta feita, o número 1, não é mais o programa do Gugu, exibido aos Domingos pelo SBT, quando batia seu opositor Fausto Silva da tv Globo... tãopouco, da famosa e sempre geladíssima cerveja Brahma, a número 1, erguida como objeto de desejo para bebedores de plantão; pelo sangue-bom Zeca- pagodinho, num comercial com moças curvilinhas e os rapazes atléticos. Ou ainda, da marca número 1, do creme dental Colgate. Não! Estamos sim, falando do aedes egypti! De novo, novamente, outra vez... O inimigo número 1, do Rio...
Charles de gaulle seria lacônico, mas firme e verdadeiro ao comentar a situação - “este não é um país sério”. A epidemia anunciada esbarrou novamente na burrocracia dos nossos governantes, que não souberam ou não quiseram identificar a quem pertencia o tal espírito de porco: Federal, estadual ou municipal., é, véro!
Sabe-se que beleza não se põe em mesa!Haja vista, a sempre polêmica Naomi Campbell, despencou-se da fria Londres, para expor-se ao sol caliente do Rio de Janeiro. Queria solidarizar-se com as vítimas da hecatombe e doar seu precioso sangue ao Hemorio. O gesto de nobreza contou muitos pontos na esfera espiritual, que apesar do propósito humanitário, não passou no teste de qualidade da Instituição. Isto, é, não pôde porque submeteu-se a uma pequena cirurgia e estava ainda em convalescência...
Talvez uma tropa de elite a lá Jack Bauer ou buzz lightyear resolvesse essa parada. Sabe-se que não tem mosquito que pra sempre dure; nem mesmo o Aedes nosso de cada dia...
Parafraseando Catão, senador romano por ocasião das guerras Púnicas, diante deste cenário hostil e sombrio: “delenda est aedes aegypti”. Pois ser picado é o fim da picada! Arre égua! Estamos mesmo na idade da pedra. Acredite, se quiser...

*Beto Moura é formado em letras Vernáculas pela Ufrj.
escritor/poeta, é autor do conto: “O Caso Margareth” e do Infantil “Agulhinha Iaiá”.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

DE OLHOS BEM ABERTOS

Se todos fossem iguais a vocês : 50 anos da nossa Bossa...

Beto Moura*

Os encontros de músicos em bares e apartamentos da zona Sul, carioca, fervilhavam na década de 50. Num desses, acontecia no posto 4, precisamente no edifício Champs Elysée, onde residia Nara Leão...
O maior movimento de música popular de todos os tempos de Terras Tupiniquins, ainda é jovem! É, vero! E do alto dos seus 50 aninhos bem vividos e bem bebidos de: cafezinhos em cafezinhos e de cuba-libre em cuba-libre, em noites imensuráveis, continua fazendo sua história de sucesso e bossa; às vezes, sobrando nas memórias, mas perpetuando-se no gosto dos nossos corações...
O ano de 58, mostrava-se prodigioso e em primeiro de Março acontece uma exibição de João Gilberto, com “Chega de Saudade”, que foi cantada e acompanhada por uma batida diferente no violão, resultado de exaustivas experiências musicais; vivenciadas pelo cantor e pela turma que o acompanhava, em habituê, nas famosas reuniões...
Em Agosto, contudo, é a data oficial do Movimento.Pois chega às boas lojas do ramo, em selo Odeon, de 78 rpm, de número 14.360 do cantor, João Gilberto com as músicas: Chega de Saudade(Tom e Vinícius) e Bim Bom( do próprio cantor). Posteriormente Eliseth Cardoso também, gravaria Chega de Saudade, em um disco denominado: Canção do Amor Demais. Era o toque da “Divina” tentando popularizar o ritmo.
A bem da verdade, a expressão Bossa Nova opõe-se à Bossa Velha ; ou melhor, a tudo que existia até então: Antigo, arcaico, monótono e démodé; carregado em tristeza e melancolia das letras.Os ritmos mais comuns se repetiam em nosso cancioneiro: bolero, samba-canção, valsa, seresta. Mesmo tendo no front nomes como: Nelson Gonçalves, orlando Silva, Carlos Galhardo. Os grandes mitos da época.
Em seu livro “Noite Cariocas”, Nelson Motta diz : “para nós garotos da classe média de Copacabana, aqueles cantores da rádio Nacional e suas grandes vozes, dizendo coisas que não nos interessavam em uma linguagem que não entendíamos, eram abomináveis”...
A própria expressão bossa tem sua longividade desde o início da história do samba brasileiro. Em 1930, Noel Rosa compôs “coisas nossas”, exaltando não só o samba, como a nossa brejeirice; além de outras bossas que seriam incorporadas nos anos vindouros...
Segundo Aurélio, uma das suas atribuições semânticas do vocábulo “bossa” vem da gíria; atribuindo qualidade peculiar à pessoa ou coisa que faz que elas agradem. Chamem atenção. Se distingam uma das outras.Ex: Essa moça além de bonita tem bossa.
Alguns sites dão conta que Garota de Ipanema, por exemplo, ou The Girl From Ipanema composta em 62, alcançou sucesso mundial e ao longo de 25 anos , ultrapassou as 3 milhões de execuções em rádio e tvs, fazendo de Tom Jobim o segundo autor estrangeiro mais ouvido nos Estados Unidos da América. Nesse mesmo ano o Carnegie Hall de Nova York, recebia o ritmo cheio de “Bossa” e graça. Imediatamente as gravações chegaram às celebridades do jazz: Stan Getz e Charlie Byrd. Além de outras parcerias entre Tom Jobim e os legendários: Frank Sinatra e Ella Fitzgerald.
O slogan foi vivenciado a olhos vistos: 50 anos em 5. Eram os anos dourados...O presidente “Bossanova” Juscelino Kubitscheck, dava demonstração que não era o bastante sonhar; mas principalmente ousar...O Brasil vivia um período de crescimento econômico que acabou refletindo-se em todas as áreas, inclusive nas artes: O Cinema Novo mostrava sua nova cara, através de Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos , em 57. Em 58, a Seleção Canarinho, que saíra desacreditada, surpreende com um show de bola e bossa; derrota a dona da casa, Suécia, por 5 a 2., botando a mão na Taça Julis Rimet ; que depois de tanto esforço para abiscoitarmos, foi roubada e derretida alhures...Mas essa é uma outra história.
Ainda em 58, a Literatura vem de: Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado. Dois anos antes, 56, Encontro Marcado, de Fernando Sabino, Grande Sertão Veredas de João Guimarães Rosa. Na poesia, a valorização pictórica da palavra como linguagem poética,trazida pelas mãos dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar, entre outros, fazia escola. Era o Movimento Concretista Brasileiro se mostrando. Entretanto, a poesia tradicional, continuava a ser tecida, como sempre ocorrera...
No teatro, a estréia de Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, marcava de forma incontesti, uma nova performance para o teatro Brasileiro.
É nesse cenário multifacetado que surge a “Bossa Nova”, visando revolucionar não só à MPB - naquele momento não usava-se esta sigla –, mas toda produção musical internacional.
Resta-nos agradecer...Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell,Luiz Bonfá, Sérgio Ricardo, Billy Blanco, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Telles,Claudete Soares, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros...
Existiria a verdade, verdade que ninguém vê, se todos fossem no mundo iguais a vocês...


* Beto Moura é formado em letras Vernáculas pela Ufrj.
Escritor/poeta, está concluindo duas obras: "As aparições de N.S.de Madjgor” e “Jesus, a trajetória de um mito”.

SOLUÇÃO CONTRA O CORONAVÍRUS

Querido Leitor,  Diante do novo Coronavirus, Covid-19, circulando em nosso país, mesmo que ainda em controle em determinados Est...

O Dia que Dorival Encarou a Guarda

https://youtu.be/ymWaJt06PNw

Ilha das Flores

https://youtu.be/bVjhNaX57iA

Aquarela

https://youtu.be/PT3azbKHJZU