"NÃO VOS INQUIETEIS, POIS, PELO DIA AMANHÃ, PORQUE O DIA DE AMANHÃ CUIDARÁ DE SI MESMO. (...)" - MATEUS 6:34



sexta-feira, 3 de abril de 2009

sobre Anorexia

foto: images google




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foto: http://www.movimentorevolucionario.org/Fotos/anorexia4lp.jpg

É sempre bom estar por dentro de literaturas que falam sobre assuntos sérios e polêmicos, como a anorexia (Ana), doença muito comum nos dias de hoje, devido ao padrão de beleza adotado, não só pelas modelos, mas muitas mulheres chegam a morrer por causa desse mal. Passando pelo site do jornal Correio Braziliense, achei interessante publicar esta matéria e disponibilizar aqui no site novOOlhar. Esteja a vontade para comentários, críticas e sugestões.

Abraços,
Thaiza Murray.

Rosângela Vieira

foto: http://www.correiobraziliense.com.br/divirtase/



Obra de Rosângela Vieira Rocha fala sobre anorexia

por Sérgio Maggio
Do Correio Braziliense

A personagem Alice pode estar fisicamente distante da vida de boa parte dos leitores de Fome de rosas (Edições Dédalo). O drama dessa menina de 13 para 14 anos, no entanto, bate à porta. De tempos em tempos, congêneres da protagonista anoréxica, criada pela escritora Rosângela Vieira Rocha, invadem o cotidiano de todos em notícias reais e alarmantes. Não precisa estar em casa, negando-se a comer, para que possamos padecer juntos com o mal considerado dos dias contemporâneos. Quando aparece aos olhos da população, já está na fase terminal. Foi assim, de forma esquelética, que impressionou a autora e professora de comunicação da Universidade de Brasília (UnB).

— Em sala de aula, analisava reportagem de revista quando fiquei diante das fotos daquelas meninas, que pareciam saídas de um campo de concentração. Fiquei chocada. Li que uma aluna de direito em Brasília mantinha um blog sobre anorexia. Aquilo martelou a minha cabeça. Andava pelos corredores da UnB e via as garotas magras passando por mim. Imaginava quem tinha ou não aquele problema, lembra Rosângela Vieira.

A personagem Alice é síntese de dezenas de meninas que a escritora pesquisou no mundo real/virtual. Num período de um ano e meio, ela frequentou a blogosfera. Leu posts inacreditáveis em defesa do “corpo magro”. Mergulhou no tema, pesquisou e entendeu o que é “morrer de fome em meio ao excesso de alimentos”.

— É a doença da abundância, que há pouco tempo chegou aos países periféricos. É esquisito você acompanhar alguém morrer de inanição num contexto da fartura. Há uma dificuldade de encontrar sentido e isso não é um ponto de vista moralista. Essas meninas vivem num mundo paralelo e têm problemas de percepção. Olham para o espelho e não veem o corpo magro, sobretudo seios e nádegas, observa a escritora.

Ficcionada numa narrativa ágil e cheia de imagens, Alice surge dentro de família afetada pela morte do patriarca. Nesse contexto, aparece mergulhada num silêncio, que denuncia a raiz dos problema. Rosângela Vieira acentuou os conflitos com a mãe e criou uma irmã, com a qual sempre será comparada.

— Quis trabalhar a falta de comunicação da personagem. Percebi que a relação dessas meninas com a mãe é ruim. Da mesma forma, as garotas anoréxicas têm dificuldade em lidar com o feminino. Não há uma consciência do problema. Nos blogs, elas falam de estilo de vida. Não é doença comer uma pera e duas folhas de alface. Então, Alice aparece autodestrutiva em estado de solidão.

A escritora confessa que sofreu bastante na transposição da pesquisa para o romance. Tinha tanta informação que foi duro fazer o recorte ficcional. Até santas católicas anoréxicas ela encontrou. Escreveu cinco vezes a história até chegar à melhor versão para contar essa narrativa.

- Era como debulhar uma espiga de milho. Sempre tinha outra casca. Foi envolvente, conta Rosângela Vieira Rocha.

TRECHO
"Acha ser magra a coisa mais chique que existe. Há muito percebera que os magros são os donos do mundo, todas as portas se abrem para eles, especialmente no caso das mulheres. Conseguirá participar desse seleto grupo? E por que não? Está disposta a reunir toda a sua força de vontade, fechar a boca terminantemente, ainda que lhe custe. A maldita gordura há de desaparecer um dia se ela se esforçar muito, se estiver realmente disposta a encarar a fome. Folheia mentalmente todas as revistas que conhece. Não se lembra de uma foto sequer de uma mulher gorda, a não ser em anúncios para emagrecer, aqueles que trazem o ‘antes’ e o ‘depois’. Ser gorda significa ser banida, rejeitada, proibida de participar de quase tudo, expulsa das melhores situações. Um ser de segunda classe, enfim. Mas ela não quer mais ser de segunda, agora deseja ocupar o seu lugar no mundo dos que contam (…) Cansou-se de ser a cheinha, a garrafinha de coca-cola, a gorduchinha, a fortinha, a bolinha, a merdinha. Fartou-se a ouvir referências a si mesma no diminutivo, bem hipócritas. No fundo, todas com o mesmo significado: ela é um inútil monte de banhas.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante esta matéria. Você viu o Profissão Repórter desta semana? Falou sobre este mesmo assunto. É importante divulgar e chamar atenção pelo perigo! Parabéns!

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