Ando pelas ruas do Setor
Comercial Sul (SCS), no centro de Brasília (isso mesmo, na capital federal), e fico triste em ver pessoas de
várias idades, principalmente, jovens ou mesmo, crianças, jogados na rua,
reféns da droga. Condenados pelo vício vivem à beira do abismo todos os dias,
jurados de morte pelo crack, pela cocaína, pelo cigarro, pelo álcool e demais
drogas. Vejo sempre uma mulher, que aparenta uns 40 e poucos anos, mas deve ter
menos, pois o inferno em que vive a faz envelhecer; vejo-a tremendo atrás de
cigarro jogado no lixo. A realidade é triste. Observo que a cada dia aparecem
mais pessoas no SCS. Ontem mesmo, passando pela rua, havia várias deitadas nas
calçadas, imundas, fedidas, enroladas em cobertas, papelões e trapos; em um
mundo a parte; numa prisão perpétua.
De fato dá medo ao deparar com
figuras como essas, que mais parecem zumbis, perdidos, vagando num inferno na
terra. E é assim que parece o SCS. Chego todos os dias por volta das 6h40 e
vejo os viciados saindo de tudo quanto é lugar, até dos bueiros, buracos, marquises,
debaixo das passarelas. A cena é de filme terror sobre algum tema de cidade
perdida e submundo. As mulheres da vida estão deixando seus pontos. E por volta
desse horário de verão, em Brasília, ainda está bem escuro. É um visual horrendo.
Fico imaginando, talvez nem consiga imaginar de fato o que realmente se passa à
noite. É angustiante! Vivemos em mundos paralelos, reféns do medo e da
violência ao lado de pessoas, que não passam de reféns da droga, vítimas de uma
sociedade cruel, seletiva e que são capazes de tudo para manter o vício.
Fico pensando como será daqui a
10 anos. Sei que não terão carros voadores, máquinas do tempo, mas
infelizmente, a perspectiva não é boa. Certamente, os drogados de hoje não estarão
aqui, mas terão outros. Costumo comparar esse crescimento de viciados ao efeito
“Gremlins”! Que ao serem molhados, eles se multiplicam. Da mesma forma, o jovem
se envolve com as drogas e não saem mais e levam outros com ele. Triste... Um
bola de neve!
Todos os dias essas pessoas
morrem e são enterradas como indigentes. Tenho muito a curiosidade de sentar ao
lado de um deles e conversar como era suas vidas. Há muitos com famílias, que
um dia já tiveram uma vida. E hoje, são vistos como indigentes. Cada um tem a
sua importância e uma história para contar. Que nem as mulheres que ganham a
vida vendendo o próprio corpo para os prazeres da carne. Muitas; tenho certeza,
que gostaria de outra realidade. Não é fácil viver em um país de grandes
disparidades financeiras, de pouca oportunidade e que quem quer viver, precisa ser
criativo. No entanto, o Governo é culpado por um país assim, em decadência. O
Brasil seria um bom lugar para viver se tivessem políticos com escrúpulo e
honestos. Mas o povo brasileiro não é estimulado a lutar para sobreviver. Hoje,
é mais fácil, o pobre pedir esmola, roubar e ter bolsa de tudo quanto é coisa
que o Governo inventa, do que usar da própria habilidade para fazer renda.
Mesmo sendo um país seletivo e de
indicações e com poucas oportunidades para todos, não há incentivo para o
cidadão trabalhar. Penso que a ociosidade e a falta de perspectiva levam a
pessoa a buscar subsídios para se sentirem melhor. E quando a mente está vazia
e o corpo fraco, essas pessoas são conduzidas à depressão; às drogas e à
criminalidade. O slogan do Governo Federal deveria ser “PAÍS SEM CORRUPÇÃO; É PAÍS
SEM POBREZA!”. O novo slogan para a nossa fase de Governo é: “Brasil, Pátria
Educadora!”. Gostei se de fato fosse verdade! Mas infelizmente, slogans e
frases vindas do Governo não passam de surreais. Ah se todos tivessem acesso à
educação, ao emprego, se as leis funcionassem para os rebeldes e violentos, ah
se tivesse um pouco mais de boa vontade por parte dos parlamentares de criarem
leis que beneficiassem a população que o elegeu, ah como seria um pouco
diferente o nosso Brasil. Não haveria tantos zumbis, tantos jovens e crianças
perdidos e tomados pelas drogas, não haveria tantos indigentes pelas ruas;
andarilhos sem destino, tomados pelo mal, vivendo em um inferno na própria
terra.