Capítulo I
21-06-2010
Por Thaiza Murray
No Distrito Federal, não é novidade para nenhum morador do local, que a ineficiência do transporte público dificulta as pessoas chegarem ao trabalho. Existem poucos ônibus circulando, poucos trens no metrô e muitos, mas muitos carros nas ruas. Como consequência desse serviço ineficiente, as pessoas têm optado pelo transporte pessoal e, algumas, até mesmo, endividam-se para comprar um veículo próprio para facilitar a ida ao trabalho. Com muitos carros nas ruas, os engarrafamentos são fato do dia-a-dia. Avenidas são construídas, revitalizadas e ampliadas para atender a demanda de automóveis circulando todos os dias.
Depois de algum tempo em Brasília, esse ano comecei a trabalhar e a perceber a dificuldade do trabalhador ao se deslocar de suas casas e chegar ao serviço. Meu primeiro emprego de fato foi no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Pegava o ônibus na Comercial Norte e descia na primeira parada da Estrada Parque de Taguatinga, mais conhecida como EPTG... Trágico! EPTG está em obra e os transtornos são grandes. ENGARRAFAMENTO! De carro e sem obstáculos, ou seja, com trânsito livre, eu levaria 20 minutos para chegar ao trabalho. De ônibus e com problemas na fluidez da grande avenida, levava em média 1h30 para chegar e ainda, caminhada 15 minutos até o local de meu destino. Graças a Deus o concurso público que fiz em junho de 2009 me chamou e esse dilema durou apenas 40 dias. Louvado seja o nome do Senhor Jesus!!!!
Agora meu trajeto mudou. Estou trabalhando no Setor Comercial Sul (SCS) e vou de metrô. Para chegar ao meu local de serviço, preciso pegar um ônibus até o Centro de Taguatinga e lá, pegar o metrô até a estação Galeria dos Estados. Se tudo fluísse bem, eu chegaria no máximo, em 40 minutos. Contudo, o metrô LOTA! E agora, com os ônibus em greve, o pouco que já circulava parou completamente. É pouquíssimo o percentual de ônibus rodando na cidade. No primeiro dia, meu marido me deixou na estação do metrô. Em cinco minutos eu chego lá de carro. Tranquila de que estava adiantada no meu horário, desci as escadas ouvindo rádio e atualizando-me das notícias do dia. Afinal, da estação da Praça do Relógio, do Centro de Taguatinga, até a estação Galeria dos Estados, no Setor Comercial Sul o trem leva em torno de meia hora e o intervalo de cada trem é de aproximadamente dez minutos. Enfim, ainda eram 7h, daria tranquilamente para chegar a tempo no trabalho.
Em menos de cinco minutos esperando, lá vinha ele, o metrô. Quando ele parou para entrarmos, simplesmente não tinha condições de entrar. LOTADO! LOTADO! LOTADO! Acho que nem empurrando. Aquela situação era lastimável e insalubre. Fazer uma viagem de meia hora, que pareceria que duraria mais de três. Impossível de entrar, o jeito foi deixar ir embora e aguardar outro. Dez minutos se passaram e vinha outro trem. Novamente, o CAOS!!! Isso mesmo, em letras garrafais! LOTADO! LOTADO! LOTADO! Como pode isso acontecer? Como irei chegar no horário certo? E essa situação lastimável se repetiu nos próximos vinte minutos. Passaram quatro trens lotados, impossíveis de entrar. Até que o metrô dispôs de um trem de emergência. Ao invés dele sair da Praça do Relógio, saiu de uma estação mais a frente. Quando o trem chegou, já estava cheio. Havia como entrar, ao menos, porém, fiz a viagem de meia hora em pé. LÁSTIMA! UFA! Cheguei às 9h, um pouco amassada, mas cheguei, pois LOTOU nas estações seguintes.
Os dias se seguiram e o jeito foi sair de casa às 6h30 para pegar o metrô no sentido contrário, viajar em torno de 40 minutos ida e volta e mais meia hora até ao meu destino, para conseguir sentar, pois mesmo saindo cedo, o metrô passa lotado. Espero que esse causo dure pouco e logo eu consiga adquirir meu próprio veículo. Deus ouve as minhas orações, pois andar de metrô cheio é insalubre. No final do dia, o metrô lotado de novo. Na volta para casa no último dia foi triste demais! Eu voltei em pé. A cada estação entrava mais pessoas. A situação estava meio que sem controle. Comecei a ficar ansiosa, nervosa e depois, eu achei que entraria em colapso dentro do trem. Mas também, muito ‘CC’, espirros, tosses, escarros, gases (peidos)... e o trem fechado! FECHADO!!!! O AR NÃO FUNCIONAVA!!!
Quando chegou na minha estação, desci aliviada, porém um tanto enjoada... então me dirigi até a parada de ônibus e fiquei uns 15 minutos o aguardando. Até que finalmente chegou o ônibus. Depois de quase 1h do trabalho até em casa, cheguei. E com o sorriso mais lindo desse mundo, meu filho veio nos meus braços, feliz da vida que estava comigo. Acho que ele não acreditava que eu estava ali com ele, me olhava com os olhos brilhando e falando “mama”... Pronto! Tudo que eu passei durante o dia foi para o ralo. Todo peso do dia caiu e pude desfrutar do início da noite com meu filho ao meu lado. Davi, obrigada por você existir!!!
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