*Beto Moura
Usando-se da expressão “nada de novo sob o sol”, Salomão, trouxe à baila situações contundentes de sua época. O tempo passou e parece que muito pouco ou quase nada foi acrescentado ao ser humano, para construção de um mundo melhor. É certo; às vezes, nos surpreendemos com atitudes generosas que deveriam ser renitentes como: solidariedade, respeito e honestidade. Mas como dizia o poetinha Vinícius de Moraes - o buraco é mais em baixo - Já ouviram falar no buraco da camada de ozônio? É no hemisfério sul. Portanto, é mais embaixo.Dizem inclusive, que não existe pecado abaixo da linha do Equador. Será?
Pra nossa sorte não temos:Terremotos, furacões, maremotos e outras cositas mas...Ainda assim, em se tratando de Terras Tupiniquins, seguro morreu de velho...
Sabe-se que o quarto maior país do mundo, depois de Rússia, Canadá, China, não consegue matar o superpoderoso mosquitinho, o mais feroz do mundo, que migrou d’africa distante, em navios negreiros para o solo americano. Tá pensando o quê?!Ele não é bobo nem nada... veio fazer história nesta vereda tropical.
Desde os primórdios da humanidade, o homem já travava uma batalha insana contra esse inimigo, que transmitia doenças e mortes...
A febre amarela é provocada por um vírus transmitido pelos mosquitos haemagogus, em áreas rurais, e aedes aegypti, em áreas urbanas. Segundo Spielman, da Universidade de Harvand, em seu capítulo no livro: Mosquito: A Natural History of Our Most Persistent And Deadly Foe (mosquito: uma história natural do nosso inimigo mais mortal e persistente).
Relata a história da luta humana contra insetos, além de revelar as estratégias que eles usaram para sobreviver à custa do nosso sangue. "Eles não têm nenhum outro propósito, além de perpetuar a espécie. Não ajuda a aerar o solo como as formigas, não ajuda a polinizar as plantas como as abelhas, nem serve de alimento essencial para outros animais.”
A vinda do aedes aegypti para o Brasil , tem ação preponderante do próprio homem; através do tráfico de escravos e suas más condições. Seu nome deve-se à descrição feita no Egito, daí, Aegypti. Logo depois espalhou-se por grande parte da África e deu o ar da graça em nossa pátria amada, salve, salve...
Lembram-se de José Serra, quando ministro? Mui amigo dos insetos, dispensou os mata-mosquitos que combatiam os focos e seus criadouros. Enfim, ficamos à deriva da epidemia em 2002. De lá pra cá, tudo como d’antes no quartel de Abrantes. Creio mesmo, pensavam que o prazo de validade estava vencido. Merecíamos mais atenção. Ledo engano! A cidade Maravilhosa cai como as “muralhas de Jericó!”, entregue a sua própria sorte - epidemia de 2008 -
Se fosse em algum lugar do passado o seu repórter Esso, informaria em edição extraordinária...
...Depois do maior espetáculo da Terra. – carnaval carioca- O pior espetáculo de nossas vidas – epidemia 2008 - Foram mais de 110.000 casos diagnosticados, inclusive com mortes, fazendo vítimas no Rio e cidades adjacentes. Desta feita, o número 1, não é mais o programa do Gugu, exibido aos Domingos pelo SBT, quando batia seu opositor Fausto Silva da tv Globo... tãopouco, da famosa e sempre geladíssima cerveja Brahma, a número 1, erguida como objeto de desejo para bebedores de plantão; pelo sangue-bom Zeca- pagodinho, num comercial com moças curvilinhas e os rapazes atléticos. Ou ainda, da marca número 1, do creme dental Colgate. Não! Estamos sim, falando do aedes egypti! De novo, novamente, outra vez... O inimigo número 1, do Rio...
Charles de gaulle seria lacônico, mas firme e verdadeiro ao comentar a situação - “este não é um país sério”. A epidemia anunciada esbarrou novamente na burrocracia dos nossos governantes, que não souberam ou não quiseram identificar a quem pertencia o tal espírito de porco: Federal, estadual ou municipal., é, véro!
Sabe-se que beleza não se põe em mesa!Haja vista, a sempre polêmica Naomi Campbell, despencou-se da fria Londres, para expor-se ao sol caliente do Rio de Janeiro. Queria solidarizar-se com as vítimas da hecatombe e doar seu precioso sangue ao Hemorio. O gesto de nobreza contou muitos pontos na esfera espiritual, que apesar do propósito humanitário, não passou no teste de qualidade da Instituição. Isto, é, não pôde porque submeteu-se a uma pequena cirurgia e estava ainda em convalescência...
Talvez uma tropa de elite a lá Jack Bauer ou buzz lightyear resolvesse essa parada. Sabe-se que não tem mosquito que pra sempre dure; nem mesmo o Aedes nosso de cada dia...
Parafraseando Catão, senador romano por ocasião das guerras Púnicas, diante deste cenário hostil e sombrio: “delenda est aedes aegypti”. Pois ser picado é o fim da picada! Arre égua! Estamos mesmo na idade da pedra. Acredite, se quiser...
*Beto Moura é formado em letras Vernáculas pela Ufrj.
escritor/poeta, é autor do conto: “O Caso Margareth” e do Infantil “Agulhinha Iaiá”.